Micropartículas de cortiça usadas para aumentar a resistência das uniões entre componentes automóveis
11 julho 2019
Os adesivos estruturais são colas que garantem uma fixação contínua, simples, económica e resistente, sendo utilizados em diversas indústrias. No setor automóvel têm sido cada vez mais aplicados, devido à crescente procura por soluções multimaterial, com propriedades mecânicas melhoradas, mais leves, eficientes e baratas.
No entanto, apesar de estarem cada vez mais a substituir as técnicas tradicionais, como a soldadura, a rebitagem ou o aparafusamento, podem sofrer de falha prematura, devido à concentração de tensões nos extremos das zonas coladas, ou juntas adesivas, segundo a terminologia técnica.
Com o objetivo de solucionar este problema, o INEGI desenvolveu uma técnica inovadora que utiliza micropartículas de cortiça magnetizadas, para melhorar a distribuição das tensões e criar uniões mais resistentes.
"Há vários métodos para reduzir a concentração de tensões, sendo um deles o uso de adesivos funcionalmente graduados”, explica Ana Queirós, responsável pelo projeto no INEGI. "Neste projeto propõe-se a utilização de micropartículas numa configuração otimizada para reduzir concentrações de tensão e melhorar a performance”.
A inovação está na distribuição não uniforme das micropartículas de reforço. A técnica resulta "numa maior resistência da junta adesiva, o que por sua vez potencia a redução de peso, fator chave no setor automóvel, bem como a redução de custos”, explica a investigadora.
Este processo está a ser desenvolvido no âmbito de um projeto coordenado pelo INEGI, em colaboração com a Universidade Carlos III de Madrid e a Universidade Pontifícia Comillas, do qual resultou uma patente espanhola, concedida em 2017, sobre o processo de produção das micropartículas de cortiça.
A utilização deste material, além potenciar melhores propriedades mecânicas nos adesivos, permite também dar um novo uso ao pó de cortiça, um produto subaproveitado pela indústria corticeira, cuja eliminação atualmente implica um consumo extra de energia e resulta frequentemente em acidentes.
O projeto contempla agora o desenvolvimento do adesivo e a otimização do processo de produção, bem como a sua validação experimental.
Em breve avançará para uma segunda fase, dedicada ao desenvolvimento de uma ferramenta que promove a graduação da junta adesiva, com o apoio do Centro Ricerche FIAT e a empresa DowDupont.