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Dia Mundial da Incontinência Urinária: problema que afeta milhões também é foco da biomecânica

13 março 2020


A incontinência urinária é a disfunção pélvica mais comum entre as mulheres, com grande impacto na sua qualidade de vida. A taxa de prevalência desta disfunção varia entre os 8 e 45% e tem um peso considerável a nível económico nos serviços de saúde. O tipo mais comum de incontinência em mulheres resulta do esforço, definida como a perda involuntária de urina1,2 após esforço, espirros ou tosse3,4.

É um problema pouco abordado que afeta milhões, porém, graças à consciencialização das consequências para o paciente, quer físicas quer sociais, há um interesse crescente em analisar estes sintomas e procurar soluções.

O grupo de investigação de Biomecânica do INEGI tem tido um papel importante neste tema, através do estudo da biomecânica da cavidade pélvica, incluindo as características associadas à incontinência urinária. Através de ferramentas computacionais, temos vindo a trabalhar no sentido de determinar quais os fatores responsáveis pela disfunção do pavimento pélvico que causam a incontinência urinária.

Entre os vários estudos realizados, destacamos o efeito da pressão intra-abdominal nos músculos do pavimento pélvico, induzida por diferentes tipos de exercícios em atletas de elite5, a caracterização das propriedades biomecânicas in vivo destes músculos6, de forma não invasiva, e a simulação da rigidez das malhas cirúrgicas e da mobilidade uretral após implantação da malha na simulação7.

Destaca-se ainda a inovadora metodologia criada no INEGI, baseada na análise inversa de elementos finitos que permite estimar as propriedades biomecânicas in vivo dos músculos do pavimento pélvico de mulheres incontinentes e com prolapso de órgãos pélvicos. Para este fim, implementamos algoritmos de otimização e desenvolvemos modelos computacionais 3D, com base em imagens de Ressonância Magnética.

Através desta metodologia, os nossos parceiros da comunidade médica observaram, por exemplo, que os músculos do pavimento pélvico de mulheres com incontinência apresentam menos rigidez que os músculos de mulheres assintomáticas. Informação essencial para melhor compreender esta patologia e contribuir para o desenvolvimento de melhores tratamentos.

O desenvolvimento dos modelos computacionais 3D e as simulações desenvolvidas no INEGI têm potencial para mudar a forma como o sector da saúde e os hospitais lidam com o tratamento das disfunções pélvicas.

Acreditamos, que num futuro próximo, estas metodologias têm potencial para prever os resultados das cirurgias pélvicas com implantes, contribuindo para uma tomada de decisão favorável e prevenindo complicações ao paciente.


Artigo de Elisabete Silva, investigadora do INEGI




1. Bø K. Pelvic floor muscle training is effective in treatment of female stress urinary incontinence, but how does it work? Int Urogynecol J Pelvic Floor Dysfunct 2004; 15: 76–84.
2. Bø K, Sherburn M. Evaluation of Female Pelvic-Floor Muscle Function and Strength. Phys Ther 2005; 85: 269–282.
3. Abrams P, Cardozo L, Fall M, et al. The standardisation of terminology in lower urinary tract function: Report from the standardisation sub-committee of the International Continence Society. Neurourol Urodyn 2002; 21: 37–49.
4. Thyer I, Shek C, Dietz HP. New imaging method for assessing pelvic floor biomechanics. Ultrasound Obstet Gynecol 2008; 31: 201–205.
5. Roza T Da, Brandão S, Oliveira D, et al. Football practice and urinary incontinence: Relation between morphology, function and biomechanics. J Biomech 2015; 48: 1587–1592.
6. Silva MET, Brandão S, Parente MPL, et al. Biomechanical properties of the pelvic floor muscles of continent and incontinent women using an inverse finite element analysis. Comput Methods Biomech Biomed Engin 2017; 5842: 1–11.
7. Brandão S, Parente M, Da Roza TH, et al. On the Stiffness of the Mesh and Urethral Mobility: A Finite Element Analysis. J Biomech Eng 2017; 139: 081002.
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