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Gestão da Mudança na Indústria

10 outubro 2022

Artigo de Luiz Rodrigues, consultor em Gestão e Engenharia Industrial no INEGI.


A indústria é particularmente suscetível ao progresso tecnológico, pelo que a mudança e a transformação são constantes neste setor. A efetiva consolidação da mudança, no entanto, surge como um grande desafio na execução de novos projetos. Para evitar adversidades inesperadas, que comprometam a sustentabilidade do negócio, a gestão na indústria passa não só por antever a mudança, como também pela criação de novos paradigmas.

A capacidade de reagir com flexibilidade às transformações é essencial em qualquer projeto, tenha este como objetivo a busca pela vanguarda das tendências do setor, ou manter o market share atual.

No âmbito do nosso trabalho de consultoria em gestão e engenharia industrial, já acompanhamos a implementação de vários processos de mudança, sabendo, por isso, que o ritmo acelerado das transformações neste setor impacta não apenas os processos, mas também as pessoas, sendo primordial estar alinhado face aos novos desafios impostos pelo mercado.

Como gerir a mudança de forma eficiente?

Para garantir o sucesso de uma proposta de transformação, o processo deve ser sistemático e estratégico. Definir as etapas e as quick wins associadas contribui positivamente para o suporte e consolidação da transformação requerida. Desta forma, estas são as etapas cruciais neste processo:

Retrato da situação atual

Antes de mergulhar na aquisição e implementação de transformações, as empresas devem despender tempo e recursos na identificação das necessidades de mudança, as áreas específicas que podem ser alteradas e uma análise de custo-benefício adequada, bem como a sua priorização.

Após a recolha dos inputs das partes interessadas, aos vários níveis da organização, obtém-se um retrato robusto da funcionalidade esperada do projeto em toda a cadeia de valor. Isto torna viável o desenho de soluções e a definição dos requisitos para a implementação.

Planeamento da mudança

Uma grande parte do tecido industrial não define um roadpmap integrado para a execução da mudança, ocasionando iniciativas nas unidades industriais que não dialogam com a realidade global da organização. É primordial a definição do cronograma do projeto, o seu âmbito e o nível de maturidade associado.

Estas abordagens isoladas na tentativa de acompanhar a modernização, denominadas como implementações em silos, geralmente apresentam poucos ganhos efetivos para o negócio. Deixam-se escapar oportunidades de sinergias entre pessoas, tecnologias e áreas de implementação. Ainda mais, pode acontecer que a mudança nunca passe do plano para a prática.

Envolvimento de toda a equipa

A ação dos colaboradores será vital para colocar a mudança em prática. Este é, em geral, o ponto crítico na implementação de melhorias e não a falta de sistemas de informação, ou de equipamentos, situações que se resolvem, desde que haja capacidade de investimento por parte da organização. Alterações na cultura, nos hábitos e na forma de trabalho das pessoas não se implementam por decreto, nem se resolvem com apenas investimentos. Requerem tempo, formação e muita resiliência por parte das lideranças.

Sendo assim, é vital monitorizar os diferentes impactos da mudança, sobretudo em caso de resistência à mudança pelos colaboradores e stakeholders, de modo que seja possível atingir um ponto de não retorno, em a que a mudança foi efetivamente endogeneizada na organização.

A equipa do chão de fábrica deve ser convocada desde o início. As mudanças levam a reações fortes, como a reatividade para o novo. Se os colaboradores estiverem envolvidos no processo de decisão, sentir-se-ão responsáveis e mais comprometidos com a transformação.

Implementação de pilotos

Para o melhor controlo das variáveis, atenuação de erros e pouco investimento inicial, é indicado executar a solução num espaço piloto. Isto resulta tanto para testar as mudanças antes da implementação completa, como para os colaboradores. Quanto mais fidedigno e visual for o piloto, maior será a probabilidade de a equipa reconhecer os impactos positivos e colaborar com a mudança.

Nesta etapa também é possível descartar projetos pouco exequíveis, ou então, identificar sinergias da transformação em diferentes áreas. O processo de mudança pode ter implicações no seu relacionamento com os clientes, na sua estrutura organizacional, no seu posicionamento de mercado, no seu processo produtivo. Desta forma, é de grande valia aferir as mudanças através de pilotos.

A escolha do piloto é muito importante. Por vezes há a tentação de selecionar o piloto com maior impacto no resultado final, mas o que é mesmo importante, é que seja de fácil de implementação: um sucesso que conquiste a organização e abra caminho para essas transformações mais impactantes.  

Rollout da mudança

Após a validação das soluções propostas, uma transição estruturada contempla as necessidades reais dos negócios e os desafios de desempenho atuais de forma pragmática.  Para maximizar o valor da implementação geral da mudança, devem-se estabelecer indicadores que tornem visíveis os resultados do projeto, medindo o "antes” e o "depois”.

Além disso, é fundamental o processo diário de acompanhamento da gestão da mudança. O envolvimento de toda a equipa, desde a direção aos colaboradores do terreno, garante que as novas tecnologias, operações e estruturas criadas sejam melhoradas continuamente. Este follow-up, sendo realizado com foco e agilidade, permite às organizações estar na vanguarda das transformações, contribuindo para o seu crescimento sustentável.



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