Fale connosco
English

Qualidade do ar interior em lares para idosos: emissão de poluentes e efeitos na saúde

15 novembro 2022
Artigo de Teresa Mata, investigadora na área do ambiente e sustentabilidade, e Gabriela Ventura, investigadora na área da qualidade do ar


A qualidade do ar interior é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um dos principais problemas de saúde pública, e tendo um especial peso na saúde respiratória de idosos, particularmente aqueles com mais de 80 anos. Estes são mais propensos a ter problemas de saúde, mesmo com níveis moderados de poluentes no ar interior [5,14].

A vulnerabilidade dos idosos é a consequência natural da deterioração das suas funções biológicas e defesas imunológicas, muitas vezes agravada por condições precárias de saúde, tais como doenças respiratórias ou circulatórias [5]. Além do envelhecimento natural, os idosos têm uma exposição à poluição e outras condições ambientais acumulada ao longo da vida [6]. Por outro lado, devido à sua mobilidade reduzida, passam a maior parte do tempo no interior dos edifícios (95% em média) [7], geralmente em quartos e salas de estar, correspondendo a cerca de 19 a 20 h/dia [8], o que os coloca potencialmente em maior risco de exposição a poluentes do ar interior [9]

O ar interior acumula vários tipos de poluentes, normalmente associados a compostos específicos provenientes dos vários produtos domésticos utilizados, como por exemplo em atividades de limpeza, desinfeção, higiene e saúde, e também emitidos pelos materiais de construção e mobiliário [2].

Soluções de limpeza e detergentes frequentemente usados em lares para idosos e instituições de saúde reduzem o risco de infeções, mas aumentam os níveis de compostos orgânicos voláteis totais no ar [7]. Portanto, manter a população idosa saudável é um desafio que requer uma melhor compreensão das consequências para a saúde da exposição aos poluentes atmosféricos [6]. Mais estudos são necessários para identificar objetivamente quais são os impactos de uma deficiente qualidade do ar interior na saúde dos idosos.

Como reduzir a exposição à poluição

Uma das possíveis formas para combater a poluição e melhorar a qualidade do ar interior é o controlo dos poluentes na fonte [2]. O controlo na fonte tem como objetivo evitar o problema na origem, como o INEGI tem vindo a fazer no âmbito dos serviços de Qualidade do Ar Interior. Apoia o desenvolvimento industrial de materiais «limpos» - através de ensaios que permitem avaliar dezenas de contaminantes e determinar a sua concentração nas emissões – para potenciar a criação de materiais de construção e mobiliário mais saudável.

Uma outra estratégia muito eficaz para reduzir a concentração de poluentes é pelo efeito de diluição - simplesmente aumentando a taxa de troca de ar, ou ventilação, do espaço interior [15]. Para tornar isto mais fácil, também o  Laboratório da Qualidade do Ar Interior do INEGI tem competências para avaliar dezenas de contaminantes, ao determinar a concentração de compostos orgânicos voláteis (COVs) e muito voláteis (COMVs) e aldeídos de baixo peso molecular (formaldeído, acetaldeído, entre outros) em amostras de ar recolhidas em edifícios de serviços e habitações.


Referencias

1. Mata, T.M.; Felgueiras, F.; Martins, A.A.; Monteiro, H.; Ferraz, M.P.; Oliveira, G.M.; Gabriel, M.F.; Silva, G.V. Indoor Air Quality in Elderly Centers : Pollutants Emission and Health Effects. 2022, 1–26.
2. Mata, T.M.; Martins, A.A.; Calheiros, C.S.C.; Villanueva, F.; Cuevilla, N.P.A.; Gabriel, M.F.; Silva, G.V. Indoor Air Quality : A Review of Cleaning Technologies. 2022.
3. United Nations. World Population Ageing 2019: Highlights; Department of Economic and Social Affairs Population Division: New York, NY, USA, 2019; p. 46;.
4. European Union Ageing Europe - Looking at the lives of older people in the EU; 2020; ISBN 978-92-76-21520-2.
5. Bentayeb, M.; Norback, D.; Bednarek, M.; Bernard, A.; Cai, G.; Cerrai, S.; Eleftheriou, K.K.; Gratziou, C.; Holst, G.J.; Lavaud, F.; et al. Indoor air quality, ventilation and respiratory health in elderly residents living in nursing homes in Europe. Eur. Respir. J. 2015, 45, 1228–1238, doi:10.1183/09031936.00082414.
6. Simoni, M.; Jaakkola, M.S.; Carrozzi, L.; Baldacci, S.; Di Pede, F.; Viegi, G. Indoor air pollution and respiratory health in the elderly. Eur. Respir. Journal, Suppl. 2003, 21, 15–20, doi:10.1183/09031936.03.00403603.
7. Almeida-Silva, M.; Wolterbeek, H.T.; Almeida, S.M. Elderly exposure to indoor air pollutants. Atmos. Environ. 2014, 85, 54–63, doi:10.1016/j.atmosenv.2013.11.061.
8. Adan, O.C.G.; Ng-A-Tham, J.; Hanke, W.; Sigsgaard, T.; van den Hazel, P.; Wu, F. In search of a common European approach to a healthy indoor environment. Environ. Health Perspect. 2007, 115, 983–988, doi:10.1289/ehp.8991.
9. van den Berg, M.E.L.; Winsall, M.; Dyer, S.M.; Breen, F.; Gresham, M.; Crotty, M. Understanding the barriers and enablers to using outdoor spaces in nursing homes: A systematic review. Gerontologist 2020, 60, e254–e269, doi:10.1093/geront/gnz055.
10. Annesi-Maesano, I.; Norback, D.; Zielinski, J.; Bernard, A.; Gratziou, C.; Sigsgaard, T.; Sestini, P.; Viegi, G. Geriatric study in Europe on health effects of air quality in nursing homes (GERIE study) profile: Objectives, study protocol and descriptive data. Multidiscip. Respir. Med. 2013, 8, 1–10, doi:10.1186/2049-6958-8-71.
11. Bentayeb, M.; Simoni, M.; Norback, D.; Baldacci, S.; Maio, S.; Viegi, G.; Annesi-Maesano, I. Indoor air pollution and respiratory health in the elderly. J. Environ. Sci. Heal. - Part A Toxic/Hazardous Subst. Environ. Eng. 2013, 48, 1783–1789, doi:10.1080/10934529.2013.826052.
12. Mendes, A.; Papoila, A.L.; Carreiro-Martins, P.; Bonassi, S.; Caires, I.; Palmeiro, T.; Aguiar, L.; Pereira, C.; Neves, P.; Mendes, D.; et al. The impact of indoor air quality and contaminants on respiratory health of older people living in long-term care residences in Porto. Age Ageing 2016, 45, 136–142, doi:10.1093/ageing/afv157.
13. Maio, S.; Sarno, G.; Baldacci, S.; Annesi-Maesano, I.; Viegi, G. Air quality of nursing homes and its effect on the lung health of elderly residents. Expert Rev. Respir. Med. 2015, 9, 671–673, doi:10.1586/17476348.2015.1105742.
14. Baudet, A.; Baurès, E.; Blanchard, O.; Cann, P. Le; Gangneux, J.-P.; Florentin, A. Indoor Carbon Dioxide, Fine Particulate Matter and Total Volatile Organic Compounds in Private Healthcare and Elderly Care Facilities. Toxics 2022, 10, doi:10.3390/toxics10030136.
15. Arnold, K.; Teixeira, J.P.; Mendes, A.; Madureira, J.; Costa, S.; Salamova, A. A pilot study on semivolatile organic compounds in senior care facilities: Implications for older adult exposures. Environ. Pollut. 2018, 240, 908–915, doi:10.1016/j.envpol.2018.05.017.
16. Wu, H.; Kumar, P.; Cao, S. Implementation of green infrastructure for improving the building environment of elderly care centres. J. Build. Eng. 2022, 54, 104682, doi:10.1016/j.jobe.2022.104682.
17. Wang, Y.; Bakker, F.; de Groot, R.; Wörtche, H. Effect of ecosystem services provided by urban green infrastructure on indoor environment: A literature review. Build. Environ. 2014, 77, 88–100, doi:10.1016/j.buildenv.2014.03.021.
18. Viecco, M.; Jorquera, H.; Sharma, A.; Bustamante, W.; Fernando, H.J.S.; Vera, S. Green roofs and green walls layouts for improved urban air quality by mitigating particulate matter. Build. Environ. 2021, 204, doi:10.1016/j.buildenv.2021.108120.

Política de Cookies

Este site utiliza Cookies. Ao navegar, está a consentir o seu uso.   Saiba mais

Compreendi